23 de Setembro de 2011

3 mil hectares da Floresta Nacional de Brasília foram arrasados por um incêndio com indícios de ter tido origem criminosa. Foto: Nathália Clark
Um cenário de devastação. “Desolador” é como o define o chefe dos brigadistas da Floresta Nacional de Brasília, Hélio Pereira da Silva, que atua na unidade há décadas e nunca havia presenciado tamanha destruição. Entre os dias 7 e 15 de setembro, o fogo consumiu mais de 25% da totalidade da área da reserva, que soma 9.346 hectares, e 75% da chamada Área 1, a maior e mais preservada da Flona, com 3.353 hectares e maior quantidade de remanescentes de Cerrado. Suspeita-se que o incêndio tenha sido criminoso, em represália às multas aplicadas por parcelamento de solo, uma vez que duas outras áreas da unidade possuem assentamentos de reforma agrária em quase toda sua extensão.
Rômulo Mello declarou que a criação de uma área protegida no entorno de Brasília, onde as terras têm alto valor, implica em conflito de interesses. “São interesses imobiliários, com certeza, e conflitos na perspectiva de implementação da unidade”. Ele diz que as penas para esse tipo de crime são brandas. “Provocar incêndio em unidade de conservação prevê multas que variam de R$ 500 a R$ 5 mil. Eu, pessoalmente, julgo que são penas brandas, considerando que eles estão não só destruindo a biodiversidade, mas também provocando sérias deficiências à qualidade de vida e saúde da população”.
O brigadista Hélio da Silva considera a declaração de crime um pouco “precipitada”. Para ele, “tudo indica que foi um ato criminoso, dadas as proporções do ocorrido, mas ainda não foram encontrados indícios nem obtido o laudo pericial”. Proposital ou não, não há dúvidas de que foi o maior incêndio, em proporções, a alcançar uma unidade de conservação em todo o país no ano de 2011. Foi também a maior queimada em toda a história da Floresta Nacional.
Florestas, guardiãs da biodiversidade
Essa foto não é preto e branco. Essa é a cor das árvores mortas pelo incêndio. Foto: Nathália Clark
No Brasil, em 2011, a área total de incêndios apenas em unidades de conservação federais foi de 300 mil hectares. Foto: Nathália Clark
Em 2011, mais de 300 mil hectares já foram queimados nas unidades de conservação federais. Os números são melhores se comparados ao dado de 1,67 milhão de hectares incendiados em 2010, uma área quatro vezes maior do que a atual.
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